quinta-feira, 7 de junho de 2012

Ponto de Vista

 E os 10% para educação? A meritocracia desqualificada.

Por: Luiz Thomaz Nunes


    Levantemos as mãos para o alto e oremos. Assim dizia um sábio qualquer: “o maior cego é aquele que não quer ver.”.  Oremos para que o Brasil enxergue, sobretudo, a realidade que nos cerca, a ilusão que é o Ensino Superior Público.
   Hoje em dia é muito comum pessoas vincularem Ensino Superior de qualidade às universidades publicas. O governo diz: “educação de qualidade é um direito de todos” e, com o intuito de preservar o belo lado filantrópico nacional que, com o pagamento de impostos não faz nada mais que sua obrigação, cria um programa de expansão  para o número de vagas nas Universidades Federais de ensino, cujo nome não pode ser pronunciado em vão.
   O número de vagas aumenta, a demanda aumenta, o custo aumenta, mas e os professores? Permanecem os mesmos. Meia dúzia de gatos pingados que, se portam muitas vezes como heróis. Suportam a carga diária de trabalho atuando como pesquisadores, orientadores e professores. É claro que, sob a luz de um olhar econômico, muitos diriam que recebem bem e não fazem mais do que coisas relativas à profissão escolhida. Entretanto, não vejo nada de tão excepcional em um Doutor, que estudou vinte anos para chegar onde está, ganhar um salário relativamente bom, enquanto há em Brasília, políticos que recebem o dobro para fazer nada e alguns sequer concluíram normalmente o Ensino Médio.
   Deixando de lado a parcialidade, não são apenas os problemas sobre carreira e carga de trabalho docente que estão em jogo, também há problemas que, com o mínimo de esforço, poderiam ser solucionados a muito curto prazo. Entretanto, como nem tudo que reluz é ouro, podemos supor que, no Brasil, as coisas nunca são tão simples quanto parecem. Várias universidades e institutos sofrem de problemas que a cada dia dificultam o desenvolvimento e a atuação de todos – alunos, professores e técnicos-.
   Não precisamos ir tão longe para vivenciar tal precariedade e negligência. Basta irmos ao ICSA (Instituto de Ciências Sociais Aplicadas – UFOP/Mariana) para nos depararmos com o problema da falta de água potável nos bebedouros.
Por esses e tantos outros problemas já citados incansavelmente por toda população nas redes sociais, hoje, dia 05 de junho de 2012 alunos e professores de várias Universidades e Institutos Federais foram a Brasília, na Marcha pela Educação, com o intuito de reivindicar suas causas que, sobretudo, dizem respeito aos 10% do PIB (Produto Interno Bruto) para a educação – que engloba o ensino em todos os âmbitos e etapas de desenvolvimento da criança e do adolescente-, reestruturação da carreira docente e melhores condições de trabalho nos Institutos Federais.
   A estimativa era de que participassem mais de 30 mil pessoas, entretanto, a contagem foi de aproximadamente 15 mil, segundo notícias fresquinhas. Estão errados os que acham que as reivindicações dizem respeito apenas aos estudantes e trabalhadores das instituições, pois a educação diz respeito a todo e qualquer cidadão, de maneira geral, sem exceção.   Por isso, cidadãos, vamos à luta! Onde estão os 10% do PIB destinados à educação? E a copa do mundo? Enquanto eles te exploram você grita gol? Está na hora de desligar a televisão e abrir a cabeça pois a copa do mundo não beneficia ninguém, não precisamos fazer bonito lá fora, precisamos é de um ensino de qualidade, que beneficie a todos os brasileiros.


Fonte: https://www.facebook.com/groups/greve12/

sábado, 2 de junho de 2012

Na UFOP

Nota da Reitoria da Universidade Federal de Ouro Preto à comunidade acadêmica       

  

A reitoria da UFOP recebeu ofício do presidente da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Ouro Preto – ADUFOP, Prof. David Pinheiro Júnior, informando que, em assembleia realizada no dia 15 de maio de 2012, a categoria deflagrou greve por tempo indeterminado a partir do dia 17 de maio de 2012.

Por meio desta nota pública, a Reitoria da UFOP vem reafirmar a posição já manifestada pelo vice-reitor, Prof. Antenor Rodrigues Barbosa Júnior, de reconhecimento da legitimidade das demandas constantes da pauta de reivindicações, no que concerne à carreira e à valorização da categoria docente, bem como à justeza das reivindicações por melhores condições de trabalho.

Em 21 de maio do corrente, o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão – CEPE recebeu representantes do comando local de greve, que apresentaram uma nota contendo os dois eixos principais de reivindicações: [1] Reestruturação da carreira docente e [2] Valorização e melhoria das condições de trabalho na UFOP.

Considerando a extensa pauta daquela reunião, que abrangia 26 itens, não foi possível proceder a uma análise mais profunda do assunto; entretanto, a partir de agora as reivindicações passam a constar permanentemente da pauta do CEPE, em suas reuniões subsequentes.

O presidente do Conselho, Prof. João Luiz Martins, reafirmou a disposição da Reitoria de imediatamente abrir negociações para tratar da pauta local, que ainda é aguardada. Nesse sentido, foi emitido ofício ao Sr. Presidente da ADUFOP, informando os nomes dos representantes da Administração Central designados para participar da mesa de negociações.

Por fim, considerando a justeza das reivindicações preliminares, o reitor João Luiz Martins afiançou que não haverá, por parte da Administração Central, qualquer retaliação aos integrantes do movimento.

Ouro Preto, 22 de maio de 2012.

Prof. Dr. João Luiz Martins

Reitor da Universidade Federal de Ouro Preto
 
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Lembrete:

Maiores informações sobre a Greve dos docentes em:
 

CARTA ANDES-SN


Carta do ANDES à sociedade Brasileira esclarecendo os motivos principais de deflagração da greve dos docentes.

À Sociedade Brasileira,

Por que os(as) professores(as) das Instituições Federais estão em greve?

A defesa do ensino público, gratuito e de qualidade é parte essencial da história do Sindicato Nacional das Instituições de Ensino Superior (ANDES-SN), assim como a exigência da população brasileira, que clama por serviços públicos, com qualidade, que atendem às suas necessidades de saúde, educação segurança, transporte, entre outros direitos sociais básicos.
Os(as) professores(as) federais estão em greve em defesa da Universidade Pública, Gratuita e de Qualidade e de uma carreira digna, que reconheça o importante papel que os docentes têm na vida da população brasileira.
O governo vem usando seguidamente o discurso da crise financeira internacional como justificativa para cortes de verbas nas áreas sociais e para rejeitar todas as demandas feitas pelos servidores públicos federais por melhores condições de trabalho, remuneração e, consequentemente, qualidade no serviço público.
A situação provocada pela priorização de investimentos do Estado no setor empresarial e financeiro causa impacto no serviço público afetando diretamente a população que dele se beneficia.

Pela reestruturação da carreira

Há anos os(as) professores(as) vêm lutando pela reestruturação do Plano de Carreira da categoria, por acreditarem que essa reivindicação valoriza a atividade docente e, dessa forma, motiva a entrada e permanência dos profissionais nas instituições federais de ensino. No ano passado o ANDES-SN assinou um acordo emergencial com o governo, que previa, como um dos principais pontos, a reestruturação da carreira até 31 de março de 2012. Já estamos na segunda quinzena de maio e nada aconteceu em relação a essa reestruturação.
Para a reestruturação da carreira atual, desatualizada e desvirtuada conceitualmente pelos sucessivos governos, o ANDES-SN propõe uma carreira com 13 níveis, variação remuneratória de 5% entre níveis, a partir do piso para regime de trabalho de 20 horas, correspondente ao salário mínimo do DIEESE (atualmente calculado em R$2.329,35). A valorização dos diferentes regimes de trabalho e da titulação devem ser parte integrante de salários e não dispersos em forma de gratificações.

Para melhoria das condições de trabalho nas Instituições Federais

O começo do ano de 2012 evidenciou a precariedade de várias instituições. Diversos cursos em Instituições Federais de Ensino – IFE tiveram seu início suspenso ou atrasado devido à precariedade das Instituições.
O quadro é muito diferente do que o governo noticia. Existem instituições sem professores, sem laboratórios, sem salas de aula, sem refeitórios ou restaurantes universitários, até sem bebedouros e papel higiênico, afetando diretamente a qualidade do ensino.
Ninguém deveria ser submetido a trabalhar, a ensinar ou a aprender num ambiente assim. Sofrem professores, estudantes e técnicos administrativos das Instituições Federais de Ensino. E num olhar mais amplo, sofre todo o povo brasileiro, que utilizará dos serviços de profissionais formados em situações precárias e que, se ainda não têm, pode vir a ter seus filhos estudando nessas condições.
Por isso convidamos todos a se juntarem à nossa luta. Essa batalha não é só dos(as) professores(as), mas de todos aqueles que desejam um país digno e uma educação pública, gratuita e de qualidade.
Para saber mais sobre a greve e as negociações com o governo acesse:


A educação pública, gratuita e de qualidade é um direito de todos e um dever do Estado.

Dossiê Greve

             Como proposta de trabalho para 2012, o BoletimDeLetras, além de iniciar o projeto do Laboratório de Troca de Afetos (LATA), continua trabalhando suas seções com os alunos da disciplina de Produção de Textos. Porém, com a interrupção das aulas, causada pela deflagração de greve dos docentes das Universidades Federais de todo país, inclusive na UFOP, apoiada por seus alunos, a produção do Boletim estará parcialmente paralisada.
              Para continuar fomentando a interação comunicativa a que se propõe este blog e para manter os leitores atualizados da situação em que se encontra a sociedade acadêmica e suas negociações a respeito da greve, o DeLetras inicia o Dossiê Greve
          Nesta seção você encontrará os mais variados pontos de vista, declarações sobre o movimento de greve, tanto dos docentes, dos alunos, dos funcionários, do governo, como também da sociedade brasileira como um todo, parte mais que relevante em qualquer movimento educacional. Deixando bem claro que, como suporte didático- pedagógico, fomentador de discussões para produção de trabalhos na disciplina e facilitador da aprendizagem da argumentação, o BoletimDeLetras se apresenta como espaço não só de informação, como também de expressão do posicionamento dos alunos com relação a greve das IFES. Confira você mesmo, comente e se posicione, dando pitacos nas publicações.