CULTURA E INFORMAÇÃO, “A GENTE VÊ POR AQUI”.
Dia quatro de maio de
2012, aconteceu uma palestra cultural no auditório do ICHS – Instituto de
Ciências Humanas e Sociais (UFOP), sobre a linguagem dos sinos, ministrada pela
Professora Emérita Hebe Rôla. Essa palestra foi uma iniciativa do projeto LATA
(Laboratório de Troca de Afetos) dos professores Paulo Henrique Mendes e Simone
Mendes, da disciplina de Produção de Textos.
Com
Dona Hebe, como ela prefere ser chamada, aprendemos que o sino é um simples
dispositivo de produzir som. A sua forma se assemelha a um cone oco, que ressoa
ao ser golpeado. O instrumento de percussão pode ser uma lingueta de ferro (ou
badalo), que é uma pequena esfera de metal. Eles são, geralmente, feitos de
bronze, mas os sinos pequenos podem também ser feitos de cerâmica ou de vidro.
Surgiram
na Ásia, no século IX a.C, e o mais antigo sino do mundo foi identificado em
Coruche, Portugal, datando 1287.
No Brasil, os sinos
chegaram, através da evangelização, pois eram instalados em campanários e
utilizados como meio de comunicação, para convidar as pessoas às rezas nas capelas
e também para avisar sobre as festas locais.
Em 1807, houve a
regulamentação nas igrejas católicas do uso dos sinos, que só eram usados após
serem lavados, purificados e benzidos pelo bispo ou pelo arcebispo.
Hoje,
os sinos se encontram em todas as igrejas antigas das cidades mineiras e em
vários estados, por todos os cantos do país. Em Minas Gerais, na cidade
histórica de Mariana, os sinos são símbolo da tradição católica regional e
apresentam toques (repiques) diferentes para cada ocasião que a igreja celebra
e até mesmo em situações fúnebres. Por exemplo, quando a igreja comemora festas
com homenagens aos santos, há um repique
no sino grande, na véspera da festa, com dobres compassados. E também, quando
há enterros, o toque dos sinos depende do gênero da pessoa falecida e das
indulgências pagas por ela à igreja, ou seja, quanto mais serviços prestados,
maior será o número de toques.
Um fato interessante em
relação a isso é que crianças (com menos de sete anos) recebem repiques
festivos no seu enterro, isso porque a igreja considera a criança pura e
inocente.
Coleção de sinos de Dona Hebe |
Como não poderia ser diferente, Dª.
Hebe nos apresentou a relação da linguagem dos sinos com a literatura,
recitando trechos do poema “Catedral”, do reconhecido poeta local, Alphonsus de
Guimarães. Ela interagiu de forma direta com os participantes da palestra e fez
com que todos cantassem, junto com ela, parte de um poema sobre os sinos. Dona Hebe
ao falar sobre os sinos com tamanha emoção e empolgação, encantou a todos,
deixando registrado em nossas memórias a seguinte frase:
O
sino parece ter alma, ele trata das emoções mais íntimas. Ele canta e dança, o
sino chora e ri, mas atualmente só geme.
Vinicios Pereira Teixeira