terça-feira, 13 de novembro de 2012

I Encontro LATA- UFOP


Palestra de Dona Hebe Rôla


Aluna: Monyze de Souza Cunha

Disciplina: Produção de textos

Professores: Paulo Henrique e Simone Mendes



Na última sexta-feira, 04 de maio de 2012, recebeu-se na Universidade Federal de Ouro Preto a presença honrosa de Dona Hebe Maria Rôla, ex-professora do então campus da UFOP (ICHS), onde foi realizada a palestra. Dona Hebe é conhecedora da linguagem presente no som dos sinos e deu uma palestra contando aos presentes a respeito das curiosidades que guardam os sinos, processo de fabricação e purificação dos mesmos e amostras de pequenos sinos que ela possui.
Segundo o que foi pronunciado, os sinos geralmente são feitos de bronze, mas os pequenos podem ser fabricados com cerâmica ou mesmo com vidro. Os tamanhos destes objetos podem variar, há exemplares de tamanhos diversos, desde muito pequeninos à sinos enormes presentes nas igrejas.
A palavra possui derivação do latim, sino quer dizer “signo”, “sinal”. Tem-se como maior exemplar dos sinos, feitos com bronze, Tsar,o nome atribuído ao mesmo.
O surgimento destes belos “cantores” deu-se na Ásia, no século IX a.C. já os conheciam na China. A partir da colonização os sinos foram então introduzidos no Brasil, tendo surgimento associado à evangelização.
Os sinos que se vê nas igrejas são moldados em uma peça única fundida em bronze. Em 1807, introduziu-se na Igreja Católica do Brasil, a regulamentação do uso dos sinais- toques fúnebres, não apenas para que os fiéis se recordem da morte, mas para que evitem o pecado e mereçam o sentimento de misericórdia divina.
A purificação dos mesmos ocorre quando um bispo ou arcebispo prepara uma mistura de água e sal, benze-a e lava o sino com esta água preparada. O sino é assim enxugado e reza-se logo após um salmo. Um padre desenha com giz uma cruz do lado de fora e outra do lado de dentro do mesmo.
Dona Hebe enfatiza muito a questão de que o sino possui alma, a melodia produzida por ele é capaz de transmitir exatamente a dor ou mesmo a extrema alegria do momento. A musicalidade é ritmada de forma a tocar o coração daqueles que o escutam, o sino envolve o homem de uma tal forma que é possível sentir a magia suave de seu “blém blém”. Por exemplo, algo curioso é que quando morre uma criança até os sete anos de idade a melodia que ressoa do sino apresenta-se de forma alegre e delicada, já que, acredita-se que nesta idade a criança não possui pecados e é caminhada diretamente para o céu.
O toque funesto e sombrio quando ocorre um falecimento diferencia-se tanto para homem quanto para mulher. Devido a lenda tem-se que a mulher foi fabricada a partir de uma costela de Adão, então na morte de um homem morre também uma mulher, afinal, esta última segundo as tradições bíblicas teve origem naquele.
O famoso poeta Alphonsus de Guimarães denominava os sinos de vedetes. Dentre os sons produzidos pelo badalo, destacam-se :
- Badaladas: É a batida do badalo presente no sino, de um lado para o outro.
- Bambau: Giro completo (360°) que o sino realiza, ficando então de boca para cima.
Algumas pessoas afirmam que os sinos possuem a capacidade de apagar o fogo e que devido a presença destes objetos nas igrejas, as mesmas encontram-se protegidas de incêndios. O sino fascina os seus espectadores, os faz sorrir e alivia as dores da alma com uma melodia que muitas vezes assemelha-se a doce voz de uma criança, mas também provoca choro e comoção ao se tratar de músicas deprimentes que aguçam o poder das lágrimas ao simbolizar a dor da morte.
O tocador de sino possui a responsabilidade de lidar com a aceitabilidade daquele que ouve e de que forma esta pessoa irá compreender o significado do som. A linguagem dos sinos encanta, retira suspiros e faz sorrir, porém em contraste com toda a positividade encontra-se homens que arriscam a vida sem segurança alguma para tocar estes objetos, por exemplo, em São João Del-rei onde Dona Hebe mostra em vídeo que estas pessoas sobem em uma espécie de “janela” penduram-se aos badalos e fazem a movimentação das badaladas de forma desprotegida e com um tamanho perigo de serem arremessados.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Literatura e Humor


Noite de caça


por Ana Carolina Silva

Me desfaço em fumaça
E me confundo
Me camuflo no breu do céu
Quero a rua
Sou qualquer coisa que vaga
Que flutua errando
Te busco
Eu só procuro
E quando acho, não laço.
Não sou densa
Não me encaixo
Eu só te busco
Até mesmo enquanto durmo
Eu só te caço
Assim, sem armas
Sem tocaia já pensada
Eu penso tanto
E nunca sei como te tocar
E te convencer a vir comigo
Eu me enfureço
Pois procuro e encontro
Sem qualquer recompensa
Ando flutuando assim, descompensada
Mas pensando que a caça compensa.
Te busco
Eu só procuro.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

I Encontro LATA - Linguagem dos Sinos


Uma troca de afetos que ficará na memória

No dia 04 de maio de 2012, passei por uma experiência inesquecível, um encontro com Hebe Rôla, uma ilustre cidadã marianense, considerada um ícone na cultura e na história local. 

A palestra teve como tema “A linguagem dos sinos”, assunto do qual eu não tinha nenhum conhecimento prévio. Imaginando que a palestra seria chata e cansativa, surpreendi-me, pois foi, de longe, a melhor da qual eu já participei. 


 

Produtora Agueda, Dona Hebe e Profa. Simone Mendes

Segundo Dona Hebe, sino significa um instrumento de percussão como qualquer outro. Sua forma assemelha-se a uma taça invertida, a espessura do badalo e da borda do sino é o que irá determinar o tipo de sonoridade (grave ou agudo). Ela também afirma que os tipos de material utilizado, como bronze, cerâmica, argila, também interferem no som produzido por esse instrumento.


Coleção de sinos de Dona Hebe
Os sinos surgiram na Ásia, no século IX A.C. No Brasil, ele chegou através dos colonizadores que tinham uma estreita relação com a igreja. A função do sino nessa época era, dentre outras coisas, chamar as pessoas para as rezas, para a escola e para as festas. Atualmente, ele ainda mantém vivo duas de suas principais funções: chorar pelos mortos e chamar os fiéis para a missa. 

Coleção de sinos de Dona Hebe

Dona Hebe contou ainda que, para benzer um sino, era exigida a presença de um bispo ou do Papa, que lavavam os sinos com água benta até que ficassem limpos, depois besuntavam-os com os “santos óleos” da estrema unção. 

A palestra me acrescentou um enorme grau de cultura e conhecimento, por isso sou eternamente grato a minha nova idolatriz: Dona Hebe Rôla.



Eleomar Marcos Vital da Silva

Literatura e Humor

 Luana Cerqueira Viana
Foto:  Luana Cerqueira Viana

Salão dos Saudosistas



Saudade estúpida a minha
Se exibe em sua melhor dança
Abstraído se esfrega em mim
Sabe seduzir e convence
E me faz lembrar...
No salão me fez saudar os piores tempos
E me diz ser seu divertimento
Saudade estúpida
Tocando ao fundo sua melhor música
Me usa.

Luana Cerqueira Viana