
Palestra de Dona Hebe Rôla
Aluna: Monyze de Souza Cunha
Disciplina: Produção de textos
Professores: Paulo Henrique e Simone Mendes
Na última sexta-feira,
04 de maio de 2012, recebeu-se na Universidade Federal de Ouro Preto a presença
honrosa de Dona Hebe Maria Rôla, ex-professora do então campus da UFOP (ICHS),
onde foi realizada a palestra. Dona Hebe é conhecedora da linguagem presente no
som dos sinos e deu uma palestra contando aos presentes a respeito das
curiosidades que guardam os sinos, processo de fabricação e purificação dos
mesmos e amostras de pequenos sinos que ela possui.
Segundo o que foi
pronunciado, os sinos geralmente são feitos de bronze, mas os pequenos podem
ser fabricados com cerâmica ou mesmo com vidro. Os tamanhos destes objetos podem
variar, há exemplares de tamanhos diversos, desde muito pequeninos à sinos
enormes presentes nas igrejas.
A palavra possui
derivação do latim, sino quer dizer “signo”, “sinal”. Tem-se como maior
exemplar dos sinos, feitos com bronze, Tsar,o nome atribuído ao mesmo.
O surgimento destes
belos “cantores” deu-se na Ásia, no século IX a.C. já os conheciam na China. A
partir da colonização os sinos foram então introduzidos no Brasil, tendo
surgimento associado à evangelização.
Os sinos que se vê nas
igrejas são moldados em uma peça única fundida em bronze. Em 1807,
introduziu-se na Igreja Católica do Brasil, a regulamentação do uso dos sinais-
toques fúnebres, não apenas para que os fiéis se recordem da morte, mas para
que evitem o pecado e mereçam o sentimento de misericórdia divina.
A purificação dos
mesmos ocorre quando um bispo ou arcebispo prepara uma mistura de água e sal,
benze-a e lava o sino com esta água preparada. O sino é assim enxugado e
reza-se logo após um salmo. Um padre desenha com giz uma cruz do lado de fora e
outra do lado de dentro do mesmo.
Dona Hebe enfatiza
muito a questão de que o sino possui alma, a melodia produzida por ele é capaz
de transmitir exatamente a dor ou mesmo a extrema alegria do momento. A
musicalidade é ritmada de forma a tocar o coração daqueles que o escutam, o
sino envolve o homem de uma tal forma que é possível sentir a magia suave de
seu “blém blém”. Por exemplo, algo curioso é que quando morre uma criança até
os sete anos de idade a melodia que ressoa do sino apresenta-se de forma alegre
e delicada, já que, acredita-se que nesta idade a criança não possui pecados e
é caminhada diretamente para o céu.
O toque funesto e
sombrio quando ocorre um falecimento diferencia-se tanto para homem quanto para
mulher. Devido a lenda tem-se que a mulher foi fabricada a partir de uma
costela de Adão, então na morte de um homem morre também uma mulher, afinal,
esta última segundo as tradições bíblicas teve origem naquele.
O famoso poeta
Alphonsus de Guimarães denominava os sinos de vedetes. Dentre os sons
produzidos pelo badalo, destacam-se :
- Badaladas: É a batida do badalo
presente no sino, de um lado para o outro.
- Bambau: Giro completo (360°) que o
sino realiza, ficando então de boca para cima.
Algumas pessoas afirmam
que os sinos possuem a capacidade de apagar o fogo e que devido a presença
destes objetos nas igrejas, as mesmas encontram-se protegidas de incêndios. O
sino fascina os seus espectadores, os faz sorrir e alivia as dores da alma com uma
melodia que muitas vezes assemelha-se a doce voz de uma criança, mas também
provoca choro e comoção ao se tratar de músicas deprimentes que aguçam o poder
das lágrimas ao simbolizar a dor da morte.
O tocador de sino
possui a responsabilidade de lidar com a aceitabilidade daquele que ouve e de
que forma esta pessoa irá compreender o significado do som. A linguagem dos
sinos encanta, retira suspiros e faz sorrir, porém em contraste com toda a positividade
encontra-se homens que arriscam a vida sem segurança alguma para tocar estes objetos,
por exemplo, em São João Del-rei onde Dona Hebe mostra em vídeo que estas
pessoas sobem em uma espécie de “janela” penduram-se aos badalos e fazem a
movimentação das badaladas de forma desprotegida e com um tamanho perigo de
serem arremessados.